quarta-feira, 6 de abril de 2011

Como ver e se (co)mover

    Cada um tem seu jeito de ver as coisas e de interpretá-las. Crianças nas ruas são vistas como pivetes por alguns, como pobres coitadas por outros. É um exemplo que se firma com a resposta dada quando uma destas chega ao seu lado no Centro da cidade e fala "tio, me dá dinheiro pra eu comprar um salgado?". Não viso julgar a resposta de cada, quero mostrar que tanto o "sim" quanto o "não" são respostas guiadas por alguma comoção.
 
    Seguindo no exemplo das crianças, a comoção para o "sim" se dá por se ver um "recém-chegado a realidade" já em precárias condições, talvez. Mas e a comoção do "não"? Me parece a "comoção do medo". Medo da cidade. Reflexo da violência, segurança, (não) liberdade, crimes, justiça, políticas, preconceito e segregação. E o que podemos fazer para mudar isso?
 
    Bem, se fosse fácil assim responder a essa questão, entrando com as aplicações de um planejamento, tudo estaria resolvido, mas cada um dos elementos citados carrega uma série de complexidades. A liberdade, por exemplo, tem consigo conceitos políticos, econômicos, sociais, filosóficos. A mudança, se possível, virá a longuíssimo prazo. Creio, na verdade, que seria necessária uma destruição de toda a cidade para um recomeço. Mas, é claro, é inviável e desumano.
 
    E... Para terminar esse texto, que tem o objetivo de não concluir nada, aproveitando o "inviável e desumano", peço: leiam, interpretem, tenham suas visões e comovam-se de alguma forma. Espero a comoção do sim para o meu texto por ser mais um relato, e penso que isto seja viável e humano... A comoção como ação.

Por Leonardo Muniz.

Um comentário:

  1. me comovi e senti necessidade de inter"AGIR" com vc! boas reflexões! Gostei...
    muitas pessoas passam po situações e não se co"MOVEM".... mas todos nos comovemos de forma diferentes, o que não dá é se acomodar ao que incomoda e nem assim se comover a agir! =)

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